Quem sente dor crônica possivelmente em algum momento de sua vida fez a seguinte pergunta. O que eu fiz para merecer esta dor que não passa? Isso não é normal! Pois bem, tenho que te dizer que a dor é sim um mecanismo complexo de PROTEÇÃO, um processo normal do seu organismo, contudo sua cronificação deixa de ser um padrão normal de proteção do organismo e transforma-se em processo patológico de difícil controle e tratamento, sendo necessário somente 3 meses de dor persistente para ser caracterizada como uma dor crônica.
Quando você se corta, quebra um braço, sofre uma queda, passa por uma dor de dente, uma infecção viral ou bacteriana um sinal é enviado ao cérebro, transmitindo a percepção dolorosa com objetivo de te avisar que seu corpo está em perigo, emite um sinal de alerta da existência de que algo não anda muito bem no seu organismo e necessita de reparo, ou seja, um tratamento adequado.
Desta forma, através do funcionamento do mecanismo de proteção, você busca cuidados necessários para sarar o problema, à medida que os cuidados são efetivados para tratar a doença, e gradualmente à dor reduz até que cesse. Contudo, pode existir outro tipo de desfecho desta situação, no qual a doença já foi solucionada, e mesmo assim a dor continua a persistir. Acontece na maioria dos casos quando a dor é subtratada, associada a cuidados ineficientes, com insucesso no tratamento e sem resolução do problema de controle da dor. Desta forma, bastam somente 3 meses de dor persistente para promover sua cronificação!
Este processo de cronificação é mais comum do que se imagina, merece atenção e já é considerado risco de saúde pública, até porque 80% das queixas que levam uma pessoa a consultas médicas são por motivo de sintoma doloroso. Por isso a importância em orientar as pessoas que começam a ter qualquer tipo de dor da necessidade de buscarem um profissional de saúde especializado em dor para tratá-los. Caso ocorra negligencia no tratamento por parte do paciente, ou seja, feito da forma inadequada, BINGO! Você foi sorteado para fazer parte do diagnóstico de dor crônica. Este é o prêmio que nem de graça ninguém quer levar para a casa, o problema é que este presente literalmente te acompanha até a sua casa, seu convívio familiar, seu trabalho, inclusive em seus momentos de lazer.
Percebe a importância do tratamento adequado durante os primeiros dias do sintoma doloroso? Mas não podemos responsabilizar a população, pois realmente não existem campanhas nacionais alertando para este grave problema de saúde, ou seja, a cronificação da dor.
Estima-se que sejam gastos por ano, nos Estados Unidos, cerca de 150 bilhões de dólares em custos médicos, incluindo despesas médicas, diminuição da produtividade e de arrecadação. Com custos médicos e perda de dias de trabalho, 70 bilhões de dólares ano! Dias perdidos de trabalho/ano representariam 550 milhões de dias perdidos.Além de custos diretos, 40 milhões de norte americanos/ano, procuram médicos para tratamento de dores crônicas, gastando $ 4 bilhões de dólares com cefaleias recorrentes, $ 4 bilhões de dólares com artrite/dor e, mais de $5 bilhões de dólares com lombalgia. No Brasil, os dados ainda são muito imprecisos, mas já podemos perceber com estas informações a dimensão agravante da carência no manejo e mos cuidados adequados com pessoas que sofrem constantemente de dores crônicas.
É importante falarmos sobre isso para entender a dor, conceber a dor como um processo natural, nosso mecanismo de proteção. Em contrapartida é fundamental ter consciência que a dor é um alerta de perigo, desta forma não devemos negligenciá-la nem tampouco o seu tratamento. Pelo contrário, ela é o sinal que nos avisa que algo está errado em o nosso corpo, e que você deve buscar a ajuda adequada.
Dra. Marina Barbosa faz parte da equipe de professores do curso de pós graduação em Práticas Integrativas e Complementares do CLASI e estará ministrando o módulo de Massoterapia para alívio da dor e Tratamento Sistêmico da Dor.
É Naturóloga e Fisioterapeuta, Especialista em Dor e Acupuntura, Fundadora do Método Trata Dor e Movimento e Especialista no Tratamento Contemporâneo em Saúde Integrativa.
www.mbze.com.br
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